domingo, 6 de setembro de 2009

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talvez se ele tivesse ficado ali deitado, em frente do seu apartamento por mais algum tempo, tivesse ficado mais tempo sem aquela madita senssação de impotência. mesmo ele sendo uma das pessoas mais conformadas no mundo, ele ainda tem seus "sonhos", suas "vontades", e a impotência não ajuda nada numa situação dessas.
ele já esta atrasado para o trabalhgo e nem sequer calçou os tenis. banho é luxo. cheiro de bebida, camisa suja, olhos ardendo e uma sede incontrolavel. para melhorar, o dia é o oposto ao anterior, uma chuva que desanima até quem gosta de chuva. pelo menos não tem tanta gente na rua, e principalmente as crianças, que não saem de casa num dia desses, algo a se comemorar.
já no serviço, seu dia não poderia ser mais tedioso, nada de afazeres, as pessoas que algumas vezes passavam lá, naquele dia, nem sequer pensaram em passar por perto, ou ao menos sair de casa. as horas não passavam, fome, o barulho do relógio, a ressaca. nada ajudava. faltando umas horas pra sair, descobriu que o circo havia chegado na cidade a duas semanas. ele nunca gostou muito de palhaços nem de como eles agem com o animais, -mesmo não parecendo, ele realmente se importava-, mas lhe deu uma enorme vontade de ir. pagou os cinco reais do ingresso e sentou bem no fundo, onde que achava que os palhaços não implicariam com ele, e o fizessem participar da falta de graça deles. assistiu sem nem ao menos dar um sorriso, ou sequer um olhar diferente. ele, depois de muito tempo, voltou a pensar na pessoa que te arranca os suspiros e que lhe dá as dores de cabeça mais incomuns. por exemplo, acordar no meio da madrugada com a cabeça explodindo, e a unica visão que tem, é da profundidade daqueles olhares que por poucas vezes se fitavam a ponto de olhar por dentro da alma, mas os poucos eram tão marcantes quanto se fosse algo muito comum. apesar de tudo, a presença dela, mesmo só por telefone ou pensamento, o deixava num estado de espirito tão confortavél. ele adorava aquilo. todas as suas discuções o deixava muito pra baixo por um bom tempo. mas um sorriso, ou algum sinal dela, já o fazia pisar em orgulho, noias ou qualquer coisa que o fizesse ficar chateado. depois do circo ter fechado suas portas, sua sombra na rua o acompanhava até o bairro mais separado da civilização. ele não quer voltar pra casa, não hoje. a lua não aparecia, nem estrelas, estava um frio agradável e ele gostava de caminhar, pensando em muitas coisas, mas nada concreto, andar por andar. acho q ele usava isso no psicologico como exercício físico, afinal, fora esse, só as escadas do apartamento e a caminhada ate a livraria. ele sentou num banco de uma praça e ficou lá, olhando o nada, esperando o nada. engraçado como ele aprendeu esperar o nada depois que começou a gostar daquela mulher. ele, direto, parava e caia na realidade, e enchergava, por segundos, o que sua vida tinha virado. ele havia parado na maior nostaliga, ele parecia estar flutuando, não conseguia caminha nem pra frente, nem pra tras. isso, pelos segundo que enchergou tudo, o incomodava, mas não durou muito, sua depressão rompia a barreira do som, da luz, do real. "nada é real" escutava os beatles dizendo isso boa parte das tarde sentado no sofá com a vitrola ligada. era tão complexo pensar no sentido que a vida tem, que é muito mais fácil acreditar que nada é real, é muito mais fácil, saber que depois dessa vida, terá outra, tão irreal quanto essa. enquanto tudo isso passava pela sua cabeça, a faslta de nicotina e cafeina transformavam seu humor em trapos, e ja estava amanhecendo quando resolveu, bem devagar, voltar pra casa...(continua)

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